́´tás a falar assério? XLVII – nome de família
Some folks are born made to wave the flag
They´re red, white and blue
And when the band plays “Hail to the Chief”
They point the cannon at you, Lord
It ain´t me, it ain´t me
I ain't no senator's son, son
It ain´t me, it ain´t me
I ain't no fortunate one
Creedence Clearwater Revival, Fortunate Son (1969)
45´
*Há um claro fascínio pelo nome de família que ecoa na sala. Há um desejo baboso de o servir até ao final dos dias, mesmo que destratado a pontapé. E o nome, se ecoa na sala, mesmo que anunciado baixinho, é sinal de um sucesso danado, graças ao avô, ao pai, ou a um antepassado que Deus o tenha, pelos seus feitos e bondade, que caiu nas boas graças da memória coletiva, mesmo que de um velhaco se tratasse e destratasse a torto e a direito a boa aldeia. Naquelas alturas, o ser-se notável era suficiente para ser boa alma, já que os pés descalços não tinham tempo para aprender isso dos bons costumes, dos bons modos e a usar os talheres.
E o bom nome de família permanece no tempo, através da linhagem que continua a usufruir dos seus privilégios, seja através da herança (- e bem, depois de tanto trabalho), do trabalho (cof cof), ou tampouco, do seu bom nome de família. Mas ele também é frágil. Se os fregueses apanham notícias desagradáveis sobre o membro da família de que mais gostam (ao longe, como é óbvio, não se misturam), lá começa o falatório. Já ouviu falar do que fez o menino… Ah, tão bom moço, como se perdeu? Imagino o que vá naquela família, uma pouca vergonha!.
Mas pronto, assim é. O pobre que não caia na esparrela de pensar que um dia chega lá se trabalhar, cai na esparrela de acreditar que o seu nobre desígnio é o de trabalhar para o pilintra do bom nome de família que resta. Onde é que andaste a trabalhar, pá?, pergunta o amigo roendo-se de inveja. Oh pá, andei para o filho do não sei quê De qualquer coisa. Quem?, desconheço esse nome, diz o amigo, fazendo-se de parvo, enfurecido por não ter sido ele a ser chamado. Oh pá, para o sobrinho Dos tantos. Neste país em que tanto se fala das crescentes desigualdades sociais inerentes às contradições do Capitalismo, ou lá o que é, há um país real ainda preso ao fascínio do feudo.
Atenção, isto sou, menino do campo, a fazer uns apontamentos do que ainda por lá ouço. Acredito que nas cidades seja diferente. Não é que haja grande fascínio, mas é o único supermercado em que se encontrou trabalho.
14´19´´
Família Rockefeller